Microscópio Anarquista
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017
segunda-feira, 24 de outubro de 2016
PORQUE OLHAMOS FOTOS ANTIGAS
Mergulhar
em uma rotina maçante é algo tenebroso. É estar forçado a estar mudo, sem significar
as ações diárias. É mergulhar o tempo interior nos minutos e enxergar somente
seus segundos. É sentir que o constante carregar do grande peso diário pode ser
inevitável e eterno.
Mas
se isso fosse totalmente verdade, como explicar porque sentimos uma certa
necessidade de recordar o passado? Porque
olhar fotos nos desperta tantos sentimentos? As marcas do tempo nas ruas, nas
coisas e nos corpos nos dizem que alguma coisa há além dos constantes esforços
sem sentido.
Temos
em nós um intrigante instinto chamado saudade, que ao mesmo tempo causa prazer
e medo. Este instinto nos impõe a negar o dilema de Sísifo. Tenta nos mostrar
que estamos caminhando, mesmo que não saibamos para onde ou nem mesmo
percebamos as mudanças na vida. Olhar fotos antigas nos joga na cara que o tempo
nos faz sempre perder algo. Por outro lado, ver com uma face era mais jovem do
que hoje e perceber que fizemos parte da história de outras almas revela que as
coisas mudam, e cada mudança nos construiu.
Alguns
clástos, ou mesmo poeira da pedra que carregamos diariamente caem do outro do
lado da montanha. Se pensarmos sobre nosso passado, se alargarmos nosso campo
de visão do tempo para além dos enormes segundos do pesado subir diário da
montanha, perceberemos que degraus são ultrapassados sem que percebamos. Mesmo
que a vida tenha milhares de esforços de Sísifo, ela toda sempre muda e nunca voltamos
mais ao ponto inicial do caminho.
quinta-feira, 20 de outubro de 2016
É MELHOR ACREDITAR QUE A VIDA FAZ SENTIDO?
Acho sinceramente que procurar o sentido
da vida é nega-la. Se a vida vai para
algum lugar, se tem uma finalidade, então temos que orquestrar bem nossa morte
para garantir esse sentido. Porém quanto mais pensa-se na morte, mais
esquece-se a vida. A transcendência no fim é a negação da vida. Veja, por
exemplo, os vários símbolos do cristianismo relacionados à morte: crucificação, ressureição, paixão de cristo e
etc..... Negar o sentido da vida é valorizar somente o que temos, a vida.
Acho sinceramente que procurar o sentido
da vida é nega-la. Se a vida vai para
algum lugar, se tem uma finalidade, então temos que orquestrar bem nossa morte
para garantir esse sentido. Porém quanto mais pensa-se na morte, mais
esquece-se a vida. A transcendência no fim é a negação da vida. Veja, por
exemplo, os vários símbolos do cristianismo relacionados à morte: crucificação, ressureição, paixão de cristo e
etc..... Negar o sentido da vida é valorizar somente o que temos, a vida.
quinta-feira, 1 de setembro de 2016
GOLPISTA DOS ATOS “FORA TEMER”
Como
é duro estar no presente! Viver sem a dúvida sobre o que fazer pode ser a maior
das utopias humanas. Aos mesmo tempo é libertador saber que ela é impossível.
Ontem
eu fui ao ato Fora Temer. Estava angustiado. Sabia que lá encontraria defensores
do PT, que é um partido que considero indefensável. Por outro lado, também
achava importante reagir ao avanço do capital que este governo golpista
representa. Sabia que a história é implacável com os erros. Os passos agora são
decisivos. Percebi que muitos companheiros, radicalizados como eu, tinham
diferentes opiniões sobre o que fazer. Decidi ir e ver quem e quais seriam as
posturas dos manifestantes.
De
cara, me espantou a quantidade de gente, sinal que o clima vai esquentar daqui
pra frente. Qual não foi minha surpresa ao perceber que estavam lá juntos todo
o espectro da esquerda e pseudoesquerda, de black-blocs a petistas. Todos agora
têm um inimigo em comum.
Cheguei
à conclusão que devemos ir aos atos Fora Temer. Gritar Fora Temer, mas xingar
todos os pelegos que entoarem “Volta Querida” ou coisa do tipo. Vamos lembrar
que o PT também é culpado pelo golpe. Petista também é golpista. Lembremos:
A função de quem quer mudanças verdadeiramente emancipatória é rechaçar não somente o avanço do neoliberalismo, mas toda a trama de cooptações que resultem em conciliação de classes.
Como
é duro estar no presente! Viver sem a dúvida sobre o que fazer pode ser a maior
das utopias humanas. Aos mesmo tempo é libertador saber que ela é impossível.
Ontem
eu fui ao ato Fora Temer. Estava angustiado. Sabia que lá encontraria defensores
do PT, que é um partido que considero indefensável. Por outro lado, também
achava importante reagir ao avanço do capital que este governo golpista
representa. Sabia que a história é implacável com os erros. Os passos agora são
decisivos. Percebi que muitos companheiros, radicalizados como eu, tinham
diferentes opiniões sobre o que fazer. Decidi ir e ver quem e quais seriam as
posturas dos manifestantes.
De
cara, me espantou a quantidade de gente, sinal que o clima vai esquentar daqui
pra frente. Qual não foi minha surpresa ao perceber que estavam lá juntos todo
o espectro da esquerda e pseudoesquerda, de black-blocs a petistas. Todos agora
têm um inimigo em comum.
Cheguei
à conclusão que devemos ir aos atos Fora Temer. Gritar Fora Temer, mas xingar
todos os pelegos que entoarem “Volta Querida” ou coisa do tipo. Vamos lembrar
que o PT também é culpado pelo golpe. Petista também é golpista. Lembremos:
terça-feira, 23 de agosto de 2016
NOSSO FUTEBOL PRECISA DAS MULHERES
Mais de 40 bilhões de reais gasto pelo
governo e eis um dos legados das Olimpíadas.
Adorei o futebol feminino. É um misto de futebol antigo e
amador. Achei que as jogadoras são bem menos agressivas entre si e com os
juízes. Elas poderiam fazer o mundo do futebol bem menos machista e violento.
Tive a impressão que o torcedor tem muito mais empatia com a
seleção feminina do que com a masculina. De mesma maneira que a maioria da
nossa população, as jogadoras são trabalhadoras com renda
e estabilidade profissional bem menores que as dos homens. Tenho certeza que o
futebol feminino seria um sucesso no Brasil, resgataria o espírito da várzea.
Talvez por isso não estejam aparecendo novos craques.
Estas não poderiam ser as verdadeiras
vitórias da seleção feminina? Não é medíocre olhar somente o resultado final?
Aliás, como cobrar resultados se elas nem mesmo têm um
campeonato nacional no seu próprio pais? A mentalidade burra de ajuste fiscal e
machismo também assola os vampiros que dirigem a CBF.
http://globoesporte.globo.com/blogs/especial-blog/bastidores-fc/post/cupula-da-cbf-discute-extincao-de-selecao-permanente-de-futebol-feminino.html?utm_source=Facebook&utm_medium=Social&utm_content=Esporte&utm_campaign=globoesportecom
quinta-feira, 18 de agosto de 2016
É HORA DE MAIS UM GOLPE
Vivemos um momento de avanço do
neoliberalismo no Brasil. A situação é complexa, há guerras de narrativas nem
sempre bem debatida na população. A força do sistema que se impõe sobre a nossa
vida pode fazer muita gente bem-intencionada servir à opressão exercida pela
castra política, pela imprensa, pelo rentismo e pelo judiciário.
Foi quase impossível não ser
influenciado por todo o teatro judicial e midiático do
impeachment. Ficou muito claro que todos os atores deste processo não merecem
nossa confiança. Sou da opinião que o impeachment foi um golpe palaciano, dado
de quem está ao lado do poder. Mas acho que não vale a pena aprofundar a
discussão sobre a definição do que ocorreu. Deixo a conclusão para a história.
Quero mostrar que, querendo ou não, corremos o risco de reforçar as ferramentas
do sistema que agem contra nós mesmo. Ou seja, acordo de classes, eleições e judiciários
são campos de batalhas contrarrevolucionários, dos quais é impossível evitar
suas contradições. O golpe foi dado, façamos que ele atinja o sistema, e não a
gente.
Mesmo que o governo Temer seja bem pior
do que seria o governo Dilma se ela continuasse, o que adianta ressaltar o
pouco que a classe trabalhadora perde com Temer no poder ao invés de Dilma? Qual
segurança teríamos de que Dilma frearia o ajuste fiscal iniciado no começo de
seu próprio governo? Lula de volta também não daria em grande coisa. Com esta
mesma estrutura de poder, seria pedir outro golpe.
Vivemos em um momento em que executivos
e políticos têm medo de ser presos. Porém penso que punir mais burgueses não
significa que a justiça esteja sendo menos parcial. Significa simplesmente que
o punitivismo está maior, tão grande que chega a alguns de cima. Se a estrutura do poder não mudar, para cada
burguês preso muito mais pobres negro também o serão, preservando a maioria de desfavorecidos
nas cadeias.
Pode parecer desolador ter um governo
tão explicitamente reacionário no poder, mas lembremos que os momentos de nossa
história em que a classe trabalhadora mais obteve direitos foi no governo
Getúlio Vargas, com as leis trabalhistas, e no governo José Sarney, com a
Constituição de 1988. Nenhum destes governos foi eleito, nenhum deles nem se
quer foi considerado de esquerda. Os direitos foram conquistados com
consequência de decadência de governos conservadores. Não foi por interesse de
nenhuma conciliação de classes, como propõe o PT, que hoje minorias como
negros, LGBTs e mulheres obtiveram os direitos que hoje têm. Foi porque a
população pressionou o poder para tal.
É este o caminho. Pode não parecer, mas o estado burguês é
dialeticamente permeável à rua. Mesmo que a castra política, a imprensa, o
rentismo e o judiciário continuem dando as cartas, não são tão fortes e unidos
quanto tanta gente da esquerda pensa. Todas as bizarrices que presenciamos no
impeachment mostram o que os uniu foi somente a incapacidade do governo PT em manter
o acordo de classe. Agora vive-se as contradições do um governo de ultradireita
considerado ainda menos legitimo pela maioria. O sistema político está mais suscetível
às forças de ação dos oprimidos. É hora de mais um golpe, vindo de baixo do
poder.
Vivemos um momento de avanço do
neoliberalismo no Brasil. A situação é complexa, há guerras de narrativas nem
sempre bem debatida na população. A força do sistema que se impõe sobre a nossa
vida pode fazer muita gente bem-intencionada servir à opressão exercida pela
castra política, pela imprensa, pelo rentismo e pelo judiciário.
Foi quase impossível não ser
influenciado por todo o teatro judicial e midiático do
impeachment. Ficou muito claro que todos os atores deste processo não merecem
nossa confiança. Sou da opinião que o impeachment foi um golpe palaciano, dado
de quem está ao lado do poder. Mas acho que não vale a pena aprofundar a
discussão sobre a definição do que ocorreu. Deixo a conclusão para a história.
Quero mostrar que, querendo ou não, corremos o risco de reforçar as ferramentas
do sistema que agem contra nós mesmo. Ou seja, acordo de classes, eleições e judiciários
são campos de batalhas contrarrevolucionários, dos quais é impossível evitar
suas contradições. O golpe foi dado, façamos que ele atinja o sistema, e não a
gente.
Mesmo que o governo Temer seja bem pior
do que seria o governo Dilma se ela continuasse, o que adianta ressaltar o
pouco que a classe trabalhadora perde com Temer no poder ao invés de Dilma? Qual
segurança teríamos de que Dilma frearia o ajuste fiscal iniciado no começo de
seu próprio governo? Lula de volta também não daria em grande coisa. Com esta
mesma estrutura de poder, seria pedir outro golpe.
Vivemos em um momento em que executivos
e políticos têm medo de ser presos. Porém penso que punir mais burgueses não
significa que a justiça esteja sendo menos parcial. Significa simplesmente que
o punitivismo está maior, tão grande que chega a alguns de cima. Se a estrutura do poder não mudar, para cada
burguês preso muito mais pobres negro também o serão, preservando a maioria de desfavorecidos
nas cadeias.
Pode parecer desolador ter um governo
tão explicitamente reacionário no poder, mas lembremos que os momentos de nossa
história em que a classe trabalhadora mais obteve direitos foi no governo
Getúlio Vargas, com as leis trabalhistas, e no governo José Sarney, com a
Constituição de 1988. Nenhum destes governos foi eleito, nenhum deles nem se
quer foi considerado de esquerda. Os direitos foram conquistados com
consequência de decadência de governos conservadores. Não foi por interesse de
nenhuma conciliação de classes, como propõe o PT, que hoje minorias como
negros, LGBTs e mulheres obtiveram os direitos que hoje têm. Foi porque a
população pressionou o poder para tal.
É este o caminho. Pode não parecer, mas o estado burguês é
dialeticamente permeável à rua. Mesmo que a castra política, a imprensa, o
rentismo e o judiciário continuem dando as cartas, não são tão fortes e unidos
quanto tanta gente da esquerda pensa. Todas as bizarrices que presenciamos no
impeachment mostram o que os uniu foi somente a incapacidade do governo PT em manter
o acordo de classe. Agora vive-se as contradições do um governo de ultradireita
considerado ainda menos legitimo pela maioria. O sistema político está mais suscetível
às forças de ação dos oprimidos. É hora de mais um golpe, vindo de baixo do
poder.
Vivemos um momento de avanço do
neoliberalismo no Brasil. A situação é complexa, há guerras de narrativas nem
sempre bem debatida na população. A força do sistema que se impõe sobre a nossa
vida pode fazer muita gente bem-intencionada servir à opressão exercida pela
castra política, pela imprensa, pelo rentismo e pelo judiciário.
Foi quase impossível não ser
influenciado por todo o teatro judicial e midiático do
impeachment. Ficou muito claro que todos os atores deste processo não merecem
nossa confiança. Sou da opinião que o impeachment foi um golpe palaciano, dado
de quem está ao lado do poder. Mas acho que não vale a pena aprofundar a
discussão sobre a definição do que ocorreu. Deixo a conclusão para a história.
Quero mostrar que, querendo ou não, corremos o risco de reforçar as ferramentas
do sistema que agem contra nós mesmo. Ou seja, acordo de classes, eleições e judiciários
são campos de batalhas contrarrevolucionários, dos quais é impossível evitar
suas contradições. O golpe foi dado, façamos que ele atinja o sistema, e não a
gente.
Mesmo que o governo Temer seja bem pior
do que seria o governo Dilma se ela continuasse, o que adianta ressaltar o
pouco que a classe trabalhadora perde com Temer no poder ao invés de Dilma? Qual
segurança teríamos de que Dilma frearia o ajuste fiscal iniciado no começo de
seu próprio governo? Lula de volta também não daria em grande coisa. Com esta
mesma estrutura de poder, seria pedir outro golpe.
Vivemos em um momento em que executivos
e políticos têm medo de ser presos. Porém penso que punir mais burgueses não
significa que a justiça esteja sendo menos parcial. Significa simplesmente que
o punitivismo está maior, tão grande que chega a alguns de cima. Se a estrutura do poder não mudar, para cada
burguês preso muito mais pobres negro também o serão, preservando a maioria de desfavorecidos
nas cadeias.
Pode parecer desolador ter um governo
tão explicitamente reacionário no poder, mas lembremos que os momentos de nossa
história em que a classe trabalhadora mais obteve direitos foi no governo
Getúlio Vargas, com as leis trabalhistas, e no governo José Sarney, com a
Constituição de 1988. Nenhum destes governos foi eleito, nenhum deles nem se
quer foi considerado de esquerda. Os direitos foram conquistados com
consequência de decadência de governos conservadores. Não foi por interesse de
nenhuma conciliação de classes, como propõe o PT, que hoje minorias como
negros, LGBTs e mulheres obtiveram os direitos que hoje têm. Foi porque a
população pressionou o poder para tal.
É este o caminho. Pode não parecer, mas o estado burguês é
dialeticamente permeável à rua. Mesmo que a castra política, a imprensa, o
rentismo e o judiciário continuem dando as cartas, não são tão fortes e unidos
quanto tanta gente da esquerda pensa. Todas as bizarrices que presenciamos no
impeachment mostram o que os uniu foi somente a incapacidade do governo PT em manter
o acordo de classe. Agora vive-se as contradições do um governo de ultradireita
considerado ainda menos legitimo pela maioria. O sistema político está mais suscetível
às forças de ação dos oprimidos. É hora de mais um golpe, vindo de baixo do
poder.
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